Pela primeira vez em sua história, os tucanos não têm candidato a prefeito em Osasco, a principal cidade da região Oeste da Grande São Paulo.
Por Renato Ferreira -
Hoje, vergonhosamente, o Brasil tem 33 partidos políticos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e outros que aguardam seus registros oficiais na Corte Suprema Eleitoral do país. E isso só emporcalha e enfraquece a Democracia brasileira, pois, a maioria absoluta desses partidos é formada por legendas de gaveta, são partidos de aluguel, que em nada engradecem a política nacional.
E o mais lamentável de toda essa lambança de partidos, que vivem, exclusivamente, do dinheiro público, através dos bilionários Fundos Partidário e Eleitoral, é que, em vez dos partidos se fortalecerem enquanto agremiações representativas do eleitorado, cada vez mais, até mesmo as grandes legendas acabam caindo na vala comum das legendas de aluguel, partidos nanicos que só aparecem em épocas de eleição para se venderem e ceder horários gratuitos de TV e Rádio. Uma forma antiga e descarada de corrupção, travestida de democracia. É a famosa sopa de letrinhas que a cada eleição afasta mais os jovens do interesse em participar da vida política.

O exemplo mais claro dessa desmoralização partidária é o que acontece com o PSDB e o DEM, ex-legendas grandes, mas, que a cada ano vem se enfraquecendo. São legendas que, hoje, não são nem sombra do que já foram no passado.
De Aureliano Chaves e Rodrigo Maia
O DEM (ex-PFL), já teve em seu áureos tempos quadros, como os ex-vices-presidentes da República, Aureliano Chaves (MG) e Marco Maciel (PE), para falar apenas em dois grandes políticos que davam musculatura moral e partidária ao então PFL. Hoje, no entanto, o partido é presidido nacionalmente pelo ACM Neto, prefeito de Salvador, e tem como seus "grandes" representantes, os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, David Alcolumbre (RR), que, certamente, serão lembrados pela História muito mais pelas suas lambanças no Congresso do que pelas suas contribuições ao processo democrático. Essas "novas lideranças" do DEM, já disseram, por exemplo, que podem até fazerem alianças com partidos de esquerda, como PT e PSOL para tirar Bolsonaro do poder.
De Mário Covas a João Doria

João Doria e Rodrigo Maia, hoje, os novos comandantes, respectivamente, do PSDB e do DEM
Já o PSDB, que surgiu do antigo MDB, teve em seus quadros excelentes políticos como os ex-governadores de São Paulo, Franco Montoro e Mário Covas, mas, foi engolido também pela corrupção, e acabou nas mãos de Aécio Neves e de João Doria. E foi a partir da entrada do atual governador paulista, Doria, que o PSDB começou a se desmanchar em nível nacional.
Em São Paulo, os tucanos mais ligados a Geraldo Alckmin, não se entendem como os aliados de João Doria e a cada eleição, o partido se mostra mais dividido e fragilizado. E o exemplo maior pode se ver na eleição municipal das capitais, como São Paulo, uma histórica fortaleza tucana, mas, que em 2020, corre o risco de não eleger Bruno Covas, justamente, pela presença de João Doria.
Sem prefeito em Osasco
Outro exemplo da atual fragilidade dos eternos aliados DEM e PSDB, é o que se vê, atualmente, na eleição municipal de Osasco, a principal cidade da região Oeste da Grande São Paulo, onde o DEM se transformou num partidinho de aluguel, mesmo caminho seguido a passos largos pelos tucanos.
Presidido no município pelo secretário da Fazenda, Pedro Sotero, que já vem de outras duas administrações de partidos diferentes, já faz tempo que o DEM de Osasco passa de mão em mão, de acordo com o chefe do Executivo. Hoje, o DEM de Osasco é apenas um partido de gaveta para fazer aumentar o número de candidatos a vereador que apoiam a reeleição do prefeito de plantão.
Inclusive, nesta eleição de 2020, muitos candidatos a vereador, principalmente, aqueles que criticam a corrupção, fazem questão de esconder o nome do partido em suas propagandas eleitorais, justamente, para não expor sua legenda e também para não ligar suas candidaturas à do prefeito Rogério Lins (Podemos), que além de ter sido denunciado na Operação Caça-Fantasmas e ter sido preso antes de tomar posse, tem também o maior índice de rejeição junto ao eleitorado.
Por outro lado, em 2020, será a primeira eleição municipal que o PSDB de Osasco não terá candidato próprio a Prefeito. Partido forte e unido desde a sua fundação, principalmente, sob a liderança do saudoso ex-prefeito, Celso Giglio, o PSDB de Osasco começou a se desfazer com a morte de Giglio e a mostrar desunião a partir da eleição municipal de 2016, quando elegeu três vereadores: Dr. Lindoso, De Paula e Didi.
Apesar dos três vereadores eleitos, os tucanos se dividiram na Câmara Municipal. Tanto que não houve convergência para apoiar um nome forte para Prefeito. O que se mostrou mais forte, o vereador Dr. Lindoso, teve que deixar o partido e, hoje, concorre à prefeitura como candidato pelo Republicanos 10.
Dividido, o PSDB osasquense sofreu intervenção estadual e acabou por oficializar apoio à reeleição de Rogério Lins. No início de outubro, o partido soltou uma nota, mas, sem nenhuma explicação oficial, que estaria deixando a aliança com o Podemos de Lins. Porém, oficiosamente, candidatos tucanos continuam apoiando o atual Prefeito em suas campanhas.
Ou seja, sem candidaturas próprias, PSDB e DEM de Osasco se enfraquecem ainda mais nas eleições de 2020. E, se faz tempo que o DEM local se transformou num partido de gaveta, pelo lado dos tucanos, se não aparecer logo uma liderança forte que possa unir o partido como nos tempos de Celso Giglio, o PSDB de Osasco dificilmente voltará a ser uma legenda forte, que até há poucos anos era o mais ferrenho adversário do PT de João Paulo Cunha e de Emídio de Souza.
É possível que essas novas lideranças políticas de Osasco, que possam aparecer para protagonizar com o PT, estejam em novas legendas como o Podemos e o Republicanos,
este último liderado pelo vereador Dr. Lindoso, candidato a Prefeito em 2020 (O jornalista Renato Ferreira é editor do Portal Notícias & Opinião).