Gosto muito de animais, como cachorros, mas, pra mim os humanos têm que ter mais atenção das autoridades públicas.
Por Renato Ferreira -
Acho muito importante e necessário que os gestores públicos cuidem bem dos animais, principalmente, daqueles que perambulam sem dono pelas ruas, passando fome ou sede e ainda sendo agredidos por outros "animais" travestidos" de seres humanos. Mas, fico preocupado quando percebo que em algumas cidades o tratamento aos animais, sobretudo, o tratamento de saúde dos bichos, acaba recebendo mais atenção e tempo das autoridades públicas que os seres humanos, muito destes também vivendo nas ruas.
É o caso da cidade de Osasco, região Oeste da Grande São Paulo, onde, em minha opinião, os animais recebem mais atenção do que os humanos. E falo isso com base em fatos. A cidade, governada atualmente pelo prefeito Rogério Lins (Podemos), tem dois grandes hospitais veterinários públicos inaugurados há alguns meses. Trata-se de um município rico - segunda economia do Estado e a sexta do país - que se preocupa muito com a atenção e proteção aos animais.
Recentemente, inclusive, Osasco foi destaque nacional em função do "Manchinha", aquele belo cãozinho agredido e morto dentro de num hipermercado famoso. Em Osasco também, muitos vereadores dedicam parte de seus mandatos na elaboração de projetos em prol dos animais.
São fatos que só mereceriam logios, se na cidade não houvesse mais nenhum ser humano vivendo em precárias condições nas ruas, como essa pessoa fotografada nesta quarta-feira, 02/09, pelo excelente fotógrafo, Eduardo Metrociche, em plena Rua Primitiva Vianco, uma das principais do Centro da cidade.
Portanto, são dignos de elogios as ações no caso do Manchinha, que também me indgnou, como os projetos para os animais, mas, afirmo sem medo de errar, que muitas pessoas que param para socorrer um animal na rua não têm essa mesma atitude, por exemplo, com um idoso ou uma criança tremendo de frio, que pedem uma esmola quando fecha o semáforo. É possível até que essa pessoa, que tem tanto afeto pelos animais, feche o vidro do carro como medo de ser assaltada, ou nos dias atuais, temendo ser contaminada pelo novo coronavírus.
Também em Osasco, não é novidade pra ninguém o estado caótico da saúde pública. São pouquíssimos elogios, na maioria feitos por cabos eleitorais ou servidores públicos, contra milhares de críticas e reclamações de munícipes, cujas reclamações vão desde o péssimo atendimento na rede pública até a falta de transporte digno para pacientes e falta de remédios, insumos e de médicos. Então, que os animais sejam bem atendidos, mas, que os humanos não fiquem abandonados.
É por isso, com certeza, que há alguns anos, vereadores da oposição pediam CPI na Saúde, pedido que foi arquivado pela maioria governista apesar das milhares de assinaturas de populares. Atualmente, a oposição pede outra outra CPI para apurar denúncias de fraudes na Saúde de Osasco, denúncias que estão sendo investigadas pelo MP e pela Polícia Federal.
E para que não fique nenhuma dúvida sobre esta matéria opinativa, reitero que amo os animais e sou capaz de tomar partido se me deparar com algum imbecil maltratando ou agredindo um animal. Nasci na roça e, claro, cresci rodeado de animais dos maiores aos menores, dentre eles muitos cachorros e gatos.
Os gatos de roça ficam mais distantes. Pelo menos era assim na minha época, quando eles preferiam ficar na tulha (ou paiol) de milho, atrás de ratos. Já os cães, também não tinham o hábito de ficarem dentro de casa, no entanto, eram mais chegados a nós. Meu pai, lavrador, gostava muito de caçadas e sempre tivemos cães de caça até aos 11 anos, quando saímos da zona rural.
Jamais esquecerei, por exemplo, do Veludo, um adorável cão que já vivia na família quando eu nasci. O Veludo viveu até aos 17 anos, quando foi sacrificado pelo meu pai. Já estava muito debilitado e sofrendo com muitos ataques de presas ao longo dos anos, principalmente, de quatis. Aqui na cidade já faz uns cinco anos, que cuidamos em nossa casa de uma linda cadela vira-lata, a Chiquinha.
Então, pra concluir, elogio gestores públicos que se preocupam com os animais, mas, critico aqueles que cuidam mais dos bichos e não têm tanta atenção com os humanos. Já ouvi até brincadeiras de quem afirna que em termos de saúde pública, "preferiria ter nascido cachorro em Osasco". (Renato Ferreira- Foto: Eduardo Metroviche)