Desde 2005, com a vitória de Emídio na onda vermelha, o Executivo osasquense nunca perdeu seu vínculo com a cúpula petista. As fotos mostram os fatos. Veja no final do texto.
Com certeza, nenhuma outra grande cidade brasileira tem tanta ligação com o Partido dos Trabalhadores como Osasco, na Grande São Paulo. Isto porque, a cidade, com aproximadamente 800 mil habitantes, jamais perdeu o DNA petista desde 2005, quando o então vereador, Emídio de Souza tomou posse em seu primeiro mandato. Era o primeiro governo petista na cidade, que até aquele ano sempre fora governada por prefeitos de outros partidos como MDB, PTB e PSDB.
E essa ligação de Osasco com o PT vem de longa data, mas, ficava apenas na área sindical por meio das greves comandadas por Lula. Com grandes indústrias e forte atividade sindicalista, essa ligação acabou refletindo no Poder Legislativo com a eleição de diversos vereadores petistas desde os anos 1980 até a eleição de 2016, quando a Câmara Municipal acabou ficando sem representante do partido.
No Executivo, apesar de várias tentativas, o PT só chegou a poder em 2005, com a vitória do Emídio, eleito na onda vermelha que já havia levado Lula à Presidência da República, em 2002. Nessa mesma onda, Lula foi reeleito em 2006, elegeu Dilma Rousseff em 2010 e a reelegeu em 2014.
Mas, já sob forte pressão popular desde os escândalos do mensalão e depois do petrolão e ainda os processos e prisões da Lava Jato, Dilma acabou sofrendo impeachment em 2015 e o PT começou a cair em desgraça. Assim, em 2016, os candidatos a vereadores pelo PT acabaram também sendo derrotados em Osasco.
Mas, ao contrário do Legislativo que ficou sem vereadores petistas, o Executivo osasquense nunca perdeu o DNA petista. Para isso, basta analisar os candidatos eleitos e o grupo que permaneceu orbitando junto à Prefeitura desde o primeiro mandato do Emídio, seja na chefia do Executivo, como também nos primeiro, segundo e terceiro escalões da administração municipal.
Em Osasco, como todos sabem, o ex-deputado João Paulo Cunha sempre foi a maior liderança petista. Foi pela força de João Paulo que a Câmara sempre manteve uma bancada de 2 ou 3 vereadores, como também pela sua liderança que o partido chegou à Prefeitura em 2005.
Mas, desde que foi eleito prefeito pela primeira vez, o atual deputado Estadual, Emídio de Souza vem rivalizando com João Paulo. Essa rivalidade ficou ainda mais escancarada após a condenação de João Paulo no processo do mensalão. Preso em Brasília, João Paulo foi, praticamente, abandonado por Emídio e por Jorge Lapas.
A mágoa de João Paulo é tanta que, após a sua liberdade, ele disse a este jornalista que jamais esqueceria o desprezo de Emídio e de Jorge Lapa. JP alega que na prisão em Brasília, recebeu telefonema de seus "adversários" políticos de Osasco, como Celso Giglio, e a visita de Francisco Rossi. "Do Emídio e do Lapas nenhum telefonema", afirmou João Paulo. Durante a campanha de Dilma Rousseff, João Paulo foi também ignorado num comício em Osasco. Porém, mesmo com a ascensão política de Emídio, João Paulo continua sendo o maior nome petista da região.
E, mesmo com os escândalos envolvendo as principais lideranças do PT, uma coisa é certa. Depois dos dois mandatos do Emídio, a marca petista foi plantada e ficou enraizada no Executivo osasquense. Tanto é assim, que Emídio de Souza elegeu o seu sucessor Jorge Lapas, que teve também total apoio do ex-presidente e da então presidente Dilma Rousseff.
Lapas, Lins e o PT
Na eleição de 2016, quando surgiu a candidatura do até então desconhecido vereador Rogério Lins (Podemos, antigo PTN), as relações de Jorge Lapas com o PT já não estavam como antes. Isso acabou com a saída de Lapara que foi para o PDT, fato que acabou dividindo mais ainda o o PT na cidade.
Já no PDT, Lapas e seu grupo não mediam forças para criticar o adversário Lins, que era chamado de moleque. E, sem saída, o PT também criticava o adversário de Lapas. A campanha ficou ainda mais acirrada e de baixo nível, quando Lins conseguiu o apoio de todos os demais candidatos a prefeito, como Francisco Rossi, Cláudio Piteri (PPS), Délbio Teruel e do tucano Celso Giglio, a maior liderança do PSDB de Osasco, cujo apoio foi fundamental para a surpreendente vitória de Rogério Lins.
Mas, voltando ao DNA petista na Prefeitura de Osasco, lembramos que além de Jorge Lapas, o próprio Rogério Lins é considerando como cria política de Emídio de Souza, em cujo governo, ele chegou a fazer parte como secretário de Esporte.
Agora, depois de 15 anos da primeira vitória de Emídio, a presença de petistas na administração de Osasco ainda é grande e, recentemente, foi fortalecida com a chegada do engenheiro Waldyr Ribeiro Filho, braço direito de Jorge Lapas, que se tornou secretário de Obras do governo Lins.
Gelso Lima
E uma dessas ligações transversais entre o PT e o Poder Executivo de Osasco, pode ser lida também por meio de Gelso Lima, amigo e cria de João Paulo Cunha e que já foi articulador e secretário de várias pastas, desde os governos de Emídio de Souza, passando por Jorge Lapas e também por Rogério Lins, do qual foi um dois principais articuladores na campanha de 2016.
Ainda no Podemos, hoje, Gelso Lima faz parte da administração tucana do prefeito Bruno Covas, na Capital paulista, mas, mantém forte ligação com a política osasquense. Nos bastidores políticos, o nome de Gelso é sempre citado para uma possível volta, principalmente, em ano eleitoral, graças à sua competência como articulador. Apesar de hoje fazer parte de uma administração tucana, não é recomendável fazer críticas ao Lula ou ao PT perto do Gelso. O que ele não esconde de ninguém é a sua fidelidade ao seu líder político João Paulo Cunha. Dizem até que Gelso Lima não dá um passo sequer, sem consultar João Paulo Cunha.
E apesar dos eleitores osasquenses terem varrido o PT da Câmara Municipal, em 2016, devido aos mais diversos casos de corrupção envolvendo praticamente todas grandes lideranças do partido, como a prisão do ex-presidente Lula, para 2020, esse quadro pode mudar, inclusive, com eleição de vereadores petistas.
E esta esperança nos meios petistas tem razão de ser. Com Lula solto, eles esperam que o maior cabo eleitoral do partido faça campanha para o Emídio na cidade. Poucos minutos depois de deixar a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, Lula garantiu a Emidio, que estava ao seu lado, que irá fazer campanha para ele em 2020.
E se isso acontecer, Lula se sentirá em casa, até mesmo na Prefeitura, onde encontrará velhos amigos e correligionários. Sem dúvida, uma grande força para a candidatura do ex-prefeito Emídio de Souza.
Diante de toda essa onda petista que poderá se repetir com a presença de Lula, resta saber como seus adversários irão se posicionar e encarnar o antipetismo. Em minha opinião, até hoje no Brasil, existem apenas quatro políticos que são radicalmente anti PT, pregam isso e já chegaram a tirar proveito eleitoral dessa posição. São eles, o Presidente da República, Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, João Doria; o prefeito de Barueri, Rubens Furlan;,e o ex-prefeito de Osasco, Francisco Rossi. (Renato Ferreira).
Fotos e fatos: