Ex-diretor presidente da Dersa e atual presidente da Cesp está entre os presos
Na manhã desta quinta-feira, 21/06, a Polícia Federal deflagrou a operação Pedra no Caminho para prender 15 pessoas suspeitas de desviar dinheiro das obras do trecho Norte do Rodoanel Mário Covas. Dos 15, 14 mandados já foram cumpridos. Segundo o Ministério Público Federal, houve um sobrepreço de R$ 600 milhões nos custos da obra conduzida pelas empreiteiras OAS e Mendes Junior.
Um dos presos é Laurence Casagrande Lourenço, ex-diretor presidente da Dersa, principal alvo da operação. Atualmente, ele é o presidente da Companhia Energética de São Paulo (Cesp).
Em 2017, Laurence acumulou o cargo de secretário de Transportes e Logística do governo Geraldo Alckmin (PSDB) e deixou a pasta quando Márcio França (PSB) assumiu o governo. O acusado atua no governo tucano há 17 anos e tem passagens pela Secretaria da Segurança Pública e Fundação Casa.
A operação Pedra no Caminho também cumpre 51 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Carapicuíba, Arujá, Bofete, Ribeirão Preto e São Pedro, no estado de São Paulo, e também em Marataízes e Itapemirim, no Espírito Santo.
O trecho Norte do Rodoanel ainda está em construção e, quando estiver pronto, vai ligar a Rodovia dos Bandeirantes à Rodovia Presidente Dutra (veja no mapa abaixo).
Outros alvos
Além de Laurence, a 5ª Vara Criminal da Justiça Federal em São Paulo expediu mandados de prisão temporária contra um ex-diretor de Engenharia da Dersa, um gerente responsável pelo trecho norte do Rodoanel, fiscais e executivos das construtoras OAS e Mendes Junior e de empresas envolvidas que realizam a obra viária. Um dos alvos está no exterior.
Segundo as investigações, há uma prática de corrupção, organização criminosa, fraude à licitação, crime contra a ordem econômica e de desvio de verbas públicas. As obras contaram com recursos da União, do governo do estado de São Paulo e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e foram fiscalizadas pela Dersa.
A investigação começou em 2016 quando um engenheiro que cuidava do trecho norte se recusou a assinar aditivos do contrato de construção do trecho. Ele afirmou que tentaram obrigá-lo a pedir demissão e depois o transferiram de área.
Alckmin: "Surpreso"
Sobre as investigações, o ex-governador Geraldo Alckmin afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que recebeu a notícia com surpresa e "que não tem conhecimento dos dados em que se amparou a ação da Polícia Federal. Laurence Lourenço goza de confiança com anos de bons trabalhos e que se houver algo ilícito, que haja responsabilização", diz nota. (Fonte: G1)